O significado da frustração na vida dos filhos
Precisamos descobrir os limites dos nossos desejos e entender que não podemos ser tudo o que queremos
Por Bruna Rafaele
Tem gente que acha que os crianças e adolescentes têm de viver só a felicidade e que ouvir “não” tem significado de frustração na vida dos filhos.
Mas será que podemos protegê-los completamente dos “nãos” e das frustrações que a vida vai trazer? Será que é benéfico para qualquer pessoa não se frustrar?
A frustração precisa ser vivida desde quando somos muito crianças para que possamos ser pessoas saudáveis.
De acordo com a Psicanálise, precisamos descobrir os limites dos nossos desejos e entender que não podemos nem ser nem ter tudo o que desejamos.
Atualmente, todos querem encontrar a felicidade total e esquecem que a felicidade passa pelo significado de frustração em nossas vidas. Todos nós precisamos ter algum tipo de limitação para ser e fazer algo.
Por exemplo, na infância, o bebê acredita que sua mãe está ali para prover o leite materno. Se a criança tem fome e não é atendida de imediato, se frustra, mas aprende sobre limites.
E os limites precisam continuar a existir ao longo de sua vida para que este ser entenda o que é conviver em sociedade. Todos nós precisamos passar por vários tipos de frustrações para sabermos diferenciar as boas condutas das más.
A frustração na vida dos filhos precisa ser vivida desde quando muito pequenos para que possam ser pessoas saudáveis.
Educação é dever dos pais; frustração na vida dos filhos também
Alguns pais têm dificuldades de colocar regras para seus filhos. Agindo desta maneira, a criança cresce acreditando que “o céu é o limite” e que pode quebrar qualquer tipo de regra social, inclusive normas que os protegem.
Criar crianças e adolescentes sem regras faz com que eles busquem sempre por maneiras de burlar leis e desafiar autoridades, incluindo a autoridade dos próprios pais.
Sabe aquela pergunta clássica dos pais: onde foi que eu errei? Em muitos casos, está associada a uma vida desmedida que a criança tem e que se estende por sua adolescência.
Não delimitar as atitudes dos filhos não faz bem para ninguém, principalmente para a sociedade, que tem de conviver com pessoas desrespeitosas sobre o que podem fazer e o direito alheio.
Se pai ou responsável por crianças e adolescentes requer de você, enquanto adulto, dizer não, coloxar limites e estabeleça disciplina e valores para este ser que ainda não sabe tudo o que precisa fazer para viver bem com as demais pessoas e seu autocuidado.
Agindo assim, o adolescente recebe informações importantes que permitem seu amadurecimento saudável incluindo suas escolhas no âmbito do afeto, do comportamento e do pensar.
Pais: procurem ajuda para educar seus filhos
Eu tenho a experiência de observar crianças e adolescentes que têm pais que deixam em suas mãos tablets e celulares como uma maneira de ocupar o tempo dos filhos e, assim, os pequenos não importunam os adultos.
Estes pais esquecem que educar compete a eles e negligência pode reverberar no comprometimento mental dos jovens, incluindo a adicção por aparelhos eletrônicos.
Pais que não dão limites aos filhos estão simplesmente deixando de fornecer aos menores valores de extrema importância para sua saúde mental e qualidade de vida.
Por isso, é tão importante que os filhos passem por algumas frustrações, como limitar a quantidade de horas em que usam eletrônicos.
Significado de frustração na vida dos filhos reflete na vida adulta
Há grande relação entre filhos sem limite com casos graves de doenças mentais. Então, se você preza pela saúde emocional de seus filhos e busca assumir seu lugar de pai ou mãe, é importante que fique claro o seu papel na sua família.
Certamente, vai surtir efeito negativo na educação de seu filho a sua ausência ser substituída por “mãe/pai que deixa eu fazer tudo”. Isso é uma das piores maldades que se pode fazer com um ser que depende emocionalmente de você.
Se por acaso algum outro adulto repreender o comportamento de seu filho, seja solidário a essa pessoa e busque descobrir os motivos que te faz não assumir o papel de educador de sua prole.
Caso você tenha dificuldade em assumir a educação de seu filho, busque ajuda profissional adequada para que ele não sofra as consequências da falta de cuidado.
Amar também é dizer não, é também não estar o tempo todo disponível para ficar com seus filhos, mas ser atencioso, amoroso e educador. Aprender a diferença entre o que é certo e o que é errado é essencial para a existência de cada pessoa.
Educar não traumatiza, o choro que pode surgir após a frustração na vida dos filhos é essencial para o amadurecimento emocional da criança, assim como as consequências de quando uma criança comete um erro.
Muitos casos de atendimento que faço me permitem detectar que tem muitos adultos que não sabem lidar com grandes frustrações que sofrem quando terminam seus relacionamentos amorosos ou são despedidos de seu emprego, ou seja, quando são rejeitados.
Pode parecer difícil para qualquer pessoa passar por essas situações, mas imagine para quem não aprendeu com as frustrações que precisam acontecer na infância, nem na adolescência. Não fica mais fácil para essas crianças passarem por frustrações só na vida adulta, pelo contrário.
O tamanho da dor emocional é tão grande que pode acarretar o desencadeamento de depressão severa ou até mesmo atos de extrema agressividade consigo mesmo e com os outros.
Psicanalista, especialista em Saúde Mental. Faz atendimentos presenciais no Rio de Janeiro e consultas online no Personare.
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