Plantas Medicinais: guia de como usar
Pó, drágeas, cápsulas, infusões? Saiba qual a melhor maneira de aproveitar as plantas medicionais no seu dia a dia
Por Catarina Goldani
A fitoterapia é um estudo de interação das plantas medicinais com os seres humanos, sendo considerada uma categoria de tratamentos não convencionais.
A principal característica dos vegetais é a capacidade de realizar a fotossíntese, que é utilizada para elaborar o alimento de que precisam, transformando a energia da luz em energia química.
O ser humano utiliza diretamente apenas uma reduzida parcela das espécies vegetais para alimentação, fibras para vestuário, medicamentos e material de construção.
Para cada sinalizador vegetal, existe um receptor humano que reage a determinada mensagem enviada. Os efeitos são inúmeros: diuréticos, anticoagulantes, antissépticos, calmantes, estimulantes…
Vamos conhecer um pouco mais sobre as plantas medicinais e como usá-las?
Como começou o uso de plantas medicinais
Essa prática sempre existiu, afinal desde que o ser humano é ser humano interage com o reino vegetal. Milênios antes nesse mundo já reinavam em plena simbiose espécies de plantas, com os mais diversos e elaborados sistemas, funções e total independência metabólica.
Os primeiros registros são conhecidos desde 5000 a.C. a 28000 a.C., na Mesopotâmia, onde sempre houve valorização do espírito e do sutil e as forças vegetais eram vistas como divinas, enquanto as doenças eram vistas como pecado ou inconsciências.
Nessa época, foram encontradas tábuas escritas com diferentes receitas e referências de usos das plantas, que utilizamos até hoje: infusões, fermentações e cataplasmas.
Na China, 2000 a.C., os primeiros registros herbais foram a partir da utilização do ginseng, canela e efedra. No Egito, 1500 a.C. já existia uma coleção de mais de 800 substâncias.
Os preparos vegetais incluem plantas frescas, secas, raízes, cascas, folhas e flores com fins profiláticos ou terapêuticos. Suas nobres funções estão nos fitoquímicos, vitaminas e sais minerais.
Essa troca entre vegetais e humanos sempre foi vista como algo intuitivo e empírico, muitas vezes envolveu ceticismo, descrença e condenação por muitos que acessavam informações superficiais sem experimentação.
O que mudou com o avanço da fitoterapia
Entre 1990 e 1997, as pesquisas na área da fitoterapia clínica teve muito incentivo nos EUA, movimentando mais de 5 bilhões de dólares por ano na época, sendo hoje mais de 22 bilhões de dólares – sem contar com a economia informal.
Existem mais de 370 mil plantas catalogadas – sendo mais de 55 mil espécies no Brasil! – e ainda se acredita que mais de 80% da população mundial use as plantas como primeiro recurso terapêutico.
Hoje, existe toda uma legislação e regulamentação para o uso das plantas, por conta dos intensos efeitos colaterais que elas podem gerar.
Existe maior necessidade de controlar a qualidade baseada na tecnologia moderna, identificação das partes vegetais, quantificação de compostos químicos, tornando possível a produção de medicamentos seguros, sem riscos de toxicidade.
Há também controle na otimização das condições do cultivo, determinação da fase e época ideal para colheita, padronização da seleção, eliminação de micro-organismos patogênicos, estabilização e secagem com destruição de enzimas, moagem da droga em circunstância de produção em laboratórios farmacêuticos até chegar na gaveta de casa.
Principais formas de usar as plantas medicinais
Os preparos mais utilizados são:
- Pó: adquire-se as plantas moídas nas condições necessárias da indústria. Ingere-se misturando em sopas, vitaminas, sucos… Um exemplo clássico é a moringa ou cúrcuma em pó, considerados super alimentos com altas quantidades de antioxidantes.
- Comprimidos/tabletes: princípios ativos concentrados em diferentes proporções a partir de moldagem ou compressão para criar uma dose sólida. Muitas vezes têm amido ou gomas para atingir a consistência desejada. Pode ser administrado via oral, retal ou intravaginal.
- Drágeas: muito similar ao comprimido, porém possui um revestimento externo que impede a degradação dos compostos. Administração oral;
- Cápsulas: tem um envoltório mais flexível podendo ser de origem de proteína animal ou algas vegetais. Costumam conter substâncias mais oleosas ou ingredientes ativos que são suspensos em óleos. Administração oral.
- Infusões: contato de plantas frescas ou secas, ou flores com água fervente. Deve-se deixar a água quase ferver, apagar o fogo, adicionar as ervas e deixar em torno de 5 minutos infundindo com um prato abafando o calor e aumentando a intensidade.
- Decoctos: resultado da extração dos princípios ativos de raízes, cascas e rizomas. Nesse caso, as partes utilizadas são mais rígidas, precisando de um tempo de fervura e ebulição do vegetal.
- Tinturas: preparação das ervas com extração hidroalcóolica a partir da planta seca na proporção de 20%.
- Alcoolaturas: preparação com extração hidroalcóolica a partir da planta fresca na proporção de 50%.
As tinturas e alcoolaturas são de fáceis preparos caseiros, porém por conta da legislação e regulamentação para fins comerciais, essas formas de administração devem ser prescritas por profissionais da área saúde com dosagens individuais bem estipuladas e manipuladas em farmácias legalizadas.
Receita fácil para fazer em casa com plantas medicinais
Suchá de abacaxi com hortelã com efeito diurético e limpeza do trato gastrointestinal:
- 1 rodela de abacaxi
- 4 folhas de hortelã
- 1 kiwi
- 1 folha de alface
- 1 xícara de infusão de cavalinha.
Passe a folha na centrífuga e bata o restante no liquidificador com um pouco de água.
Depois, é só degustar e aproveitar seus benefícios.
Nutricionista vegetariana especializada em Fitoterapia Clínica pela UFRJ e educadora de Alimentação Viva pelo projeto Terrapia na Fiocruz.
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