Sagrado Feminino: resgatar o Feminino para curar o Masculino
Mulheres e homens são beneficiados pelo despertar da força feminina
Por Gabriela Alves
Por que resgate do Sagrado Feminino antecede o do Masculino? Sinto que esta é uma questão que precisamos compreender. E para respondê-la, precisamos primeiramente entender o que é Sagrado Feminino e Sagrado Masculino.
Hoje vemos um movimento crescente de círculos de mulheres ao redor do mundo. E um verdadeiro levante de mulheres em todas as áreas da vida. Um verdadeiro despertar da força feminina. Mas que força é esta? Será ela exclusiva das mulheres?
Neste plano da dualidade, há duas forças presentes em toda a criação, que são as polaridades Yin e Yang. Por serem parte inerente de todas as manifestações do Universo, podemos também encontrá-las dentro de nós, independentemente do gênero, orientação sexual ou qualquer distinção. Somos todos filhos do “Pai Céu” e da “Mãe Terra”.
Integração do Sagrado Feminino e Sagrado Masculino
Poderíamos dizer que o Absoluto, Deus, Campo Quântico, Fonte Divina ou como você preferir chamar, é uma energia una que se dividiu para dar origem à existência. “E no início era trevas e Deus disse: “Faça-se Luz!”, e a Luz se fez.”
No livro de Gênesis, é possível observar a interação entre estas polaridades: trevas e luz, imanifesto e manifesto, Purusha (princípio universal, o imutável) e Prakriti (matéria, portanto, mutável).
Quando nos referimos ao Sagrado Feminino e Sagrado Masculino, nos referimos então a estas qualidades energéticas criadoras de tudo o que há. E que, portanto, são indispensáveis à vida! Uma vez que toda a criação é o resultado da interação destas duas energias opostas-complementares: a energia yin, que rege o feminino, e a energia yang, que rege o masculino.
Ainda que seja mais comum identificarmos a energia yin nas mulheres, “guardiãs” desta força; e a energia yang nos homens, seus “guardiões”, o que realmente importa é como estas energias estão sendo alquimizadas dentro de nós. Em outras palavras, como elas interagem. Pois é a partir desta interação que as manifestaremos fora.
Compreender, respeitar e buscar uma interação harmônica entre estas energias é fundamental para que consigamos alcançar o equilíbrio energético do nosso planeta. E, é claro, de nós mesmos.
O Tal do Tao
Após mais de 6.000 anos de patriarcado, nos quais a polaridade masculina foi exacerbada, é natural e vital que hoje busquemos de forma bastante ativa resgatar a essência do feminino a fim de encontrarmos um equilíbrio entre estas duas forças.
Lembrando que estamos no plano da dualidade, logo, tudo tem sua contraparte. Ao excluirmos o feminino e exaltarmos a polaridade masculina, manifestamos não apenas o seu polo positivo, como a lógica, a objetividade, a coragem, a iniciativa, a praticidade e a determinação; mas também seu polo negativo, ou seja, a sombra que existente nesta força.
Guerras, individualismo, competitividade, indiferença, autoritarismo, sectarismo, egoísmo são o retrato nítido de um masculino distorcido. E não há como curá-lo sem integrá-lo à sua outra parte.
A interação entre as polaridades yin e yang é como o fluxo da respiração. Não há como sobreviver apenas inspirando ou expirando. É preciso se expandir, mas também se recolher.
Quando nos desconectamos do feminino e de suas manifestações como a intuição, a sensibilidade, as águas, os ciclos da Terra e a Natureza, criamos como resultado um grande desequilíbrio tanto a nível energético, como pessoal, social e ambiental.
A interação entre as polaridades yin e yang é como o fluxo da respiração. Não há como sobreviver apenas inspirando ou expirando. É preciso se expandir, mas também se recolher.
O impulso exploratório do masculino que nos trouxe tantos benefícios, como o conhecimento científico, precisa encontrar seu ponto de equilíbrio no recolhimento do feminino.
Para continuarmos a extrair, é preciso também aprendermos a cultivar. E isto significa nos reconectar com a pulsação da Terra, os ciclos da Natureza e de toda a vida. É isto que vai garantir a continuidade da vida neste planeta.
O que nos mostra que não são apenas as mulheres que são beneficiadas com o resgate do feminino, mas toda a humanidade e, por que não dizer, toda diversidade de vida?
Da “Ordem” ao “Caos”
Criamos uma sociedade desconectada do próprio coração, da capacidade de sentir e se sensibilizar com o próximo. Ausente de si mesma. Fragmentada e vazia. E irônica, fálica e incansavelmente buscando algo “fora” que a preencha.
Vivemos num mundo de excessos e de faltas, o que mostra claramente que estamos procurando no lugar errado. O que é este vazio existencial, se não a falta de uma parte de nós mesmos? É preciso agora nos voltarmos pra dentro, para nossas profundezas, para o que não nos é visível e reserva tantos tesouros para nós.
É preciso sair um pouco desta dimensão solar, de superexposição midiática e de fronteiras limitadas pela razão para penetrar o oculto – o “caos” que nos habita. É chegada a hora de abrir mão da lógica, do ponderável, do controle, para mergulharmos no infinito que somos nós. E a mulher é o canal para esta imensidão. Como guardiãs dessa força, somos o portal para este universo interior.
Vivemos num mundo de excessos e de faltas, o que mostra claramente que estamos procurando no lugar errado. O que é este vazio existencial, se não a falta de uma parte de nós mesmos?
O feminino é a própria impermanência e incerteza, o desconhecido, a caverna dos mistérios, do oculto e das infinitas possibilidades. Além de ser o canal para a vida!
Segundo o Tao é preciso encontrarmos o caminho do meio. Para resgatar o centro, é preciso resgatar primeiramente o feminino. A cura do masculino também passa por este resgate. Pois aos homens e até mesmo a uma boa parte das “mulheres modernas”, cabe reaprender a fluir, confiar, aceitar, receber, ser flexível, vulnerável, aberto e adaptável.
Hoje muitas de nós, mulheres, também precisam abrir mão do masculino exacerbado (logo, distorcido) que nos levou a vestir inúmeras couraças, criando rigidez, clausura interior, repressão, autocobrança, opressão, culpa e incontáveis medos.
Enquanto não integrarmos a força do feminino (energia yin), não será possível nos entregarmos à dança cósmica da impermanência. Pois continuaremos apegados a fórmulas e padrões, que na direção contrária da diversidade da vida, só cria mais isolamento e separação. Um planeta povoado de pessoas solitárias.
De volta ao coração
O feminino é o que une e integra, pois não se opõe a nada. Apenas abraça, acolhe, inclui. É o feminino que nos desperta a capacidade de amar.
Assim, reintegrar o feminino cabe a todos nós, independente do gênero e orientação sexual. Pois somente quando fizermos as pazes com o feminino, poderemos construir uma Cultura de Paz, garantindo não apenas a saúde da nossa sociedade em todos os níveis, mas o alcance oitavas maiores de consciência. Pois resgatar o feminino é nos dar a oportunidade de voltarmos ao Todo, à fonte de toda a existência.
Celebro que mais e mais círculos de homens também estejam surgindo, bem como um movimento de desconstrução dos paradigmas patriarcais. Que todos os homens possam ouvir este chamado. Nos encontramos no caminho do meio. No caminho do coração.
Mentora da Arte do Ser, Gabriela Alves Toulier dedica sua vida à expansão da consciência como Terapeuta da Alma e Guardiã do Sagrado Feminino, onde integra técnicas como Constelação Familiar, ThetaHealing e Filosofia do Yoga, a fim de auxiliar as pessoas a se tornarem a sua melhor versão.
Saiba mais sobre mim- Contato: premsuryani@gmail.com