Estar solteiro não é sinônimo de solidão
Reflita sobre o peso que coloca no fato de ter ou não companhia
Por Ceci Akamatsu
Ao pensarmos rapidamente, associamos o “estar solteiro” ao simples fato não ter um parceiro afetivo. Porém, se olharmos mais profundamente, perceberemos como muito mais coisas podem estar por trás dessa palavra. Quando ouvimos que alguém está solteiro, diversos sentimentos podem passar em nossa cabeça: para alguns denotará algo alegre, como diversão, farra, liberdade. Para outros, serão associados significados mais tristes, como solidão e sensação de que falta algo, de estar incompleto. Estar solteiro é um estado civil no mundo externo, no seu significado convencional, mas em nosso mundo interno pode ter vários sentidos.
Estar solteiro é consequências de nossas escolhas
Muitas pessoas acham que a solteirice deve ser um estado transitório, um momento em que nos preparamos para ter um par, como se ter um relacionamento fosse o objetivo de se estar solteiro. Essa é justamente uma das causas do sentimento de solidão que muitas vezes sentimos quando estamos solteiros. Se partimos do princípio que nosso objetivo é encontrar alguém, criamos o sentimento de falta dentro de nós. Ter vontade e querer encontrar um parceiro é diferente de ter isso como objetivo, como algo que precisa acontecer em nossa vida. Portanto, solteirice e solidão só estão associados quando assim escolhemos.
Basta lembrar que podemos nos sentir solitários mesmo estando em um relacionamento. O sentimento de solidão e de falta são consequência das escolhas que fazemos em relação ao modo como queremos vivenciar nossa vida. Estão longe de ser causadas pelo que está fora de nós, como pelo fato de não ter um parceiro amoroso.
Há quem não goste de estar solteiro e reclame da falta de companhia, de alguém para dividir sua vida. Tais pessoas sentem-se muito mal e perdem até a vontade de sair de casa e de participar de atividades sociais, afinal estão todos acompanhados e estar só é uma situação constrangedora.
De fato, existe uma pressão externa das pessoas, quase como uma regra que exige que tenhamos um par afetivo, como um pré-requisito de ser um pessoa normal ou bem sucedida.
Principalmente a partir de certa idade, é quase uma obrigação ter um parceiro. Porém, nós é quem escolhemos acatar ou não essa regra social. Não há certo ou errado, mas se escolhemos acatá-la, escolhemos também vivenciar o mal-estar que essa escolha representa ao estar só, e portanto teremos de arcar com os sentimentos de frustração.
Será que estar solteiro realmente é algo assim tão difícil para a vida social, ou somos nós quem colocamos muito peso e valor à regrinha de “ter que” possuir um parceiro?
Disfarces, medos e aprendizados pessoais
Se para muitos estar solteiro é visto como algo negativo, para outros é sentido como sinônimo de liberdade. Ainda que aparentemente quem percebe a solteirice de modo positivo esteja bem resolvido, isto não necessariamente é verdade.
Toda movimentação social e convicção ao dizermos que preferimos estar solteiros podem ser simplesmente disfarce para o medo e para a fuga dos relacionamentos mais profundos. A constante companhia de outras pessoas ou os seguidos relacionamentos românticos superficiais podem não ser uma escolha de curtir a vida dessa maneira, mas distrações que refletem a fuga em lidar com nossas próprias dificuldades de relacionamento.
As pessoas costumam dizer que os relacionamentos são difíceis, mas os relacionamentos são relacionamentos, nem fáceis nem difíceis. Somos nos quem ainda não aprendemos a lidar com eles e conferimos a eles essa qualidade. A dificuldade está em nós e não na relação. Se a outra pessoa é difícil, ela nada mais é do que um reflexo de nossa própria falta de habilidade em nos relacionar.
Como saber se estamos nos deixando levar pelas pressões internas ou externas e deixando de fazer nossas verdadeiras escolhas? Geralmente os sentimentos autênticos e disfarçados se misturam e cabe a nós utilizar toda a nossa honestidade com nós mesmos para reconhecer o quanto estamos nos iludindo.
Só mesmo cada um de nós lidando individualmente com nossa verdade mais profunda pode descobrir isso. Pode ser estranho, desagradável e até dolorido reconhecer como nós nos enganamos. Podemos sentir vergonha e culpa em assumir, nem que seja para nós mesmos, aquilo que consideramos “fraquezas” ou “fracassos”, mas que na realidade são apenas nossos desafios e aprendizados pessoais.
Não importa se estamos sós ou acompanhados, enquanto nosso foco estiver na opinião das pessoas, na existência ou não de um parceiro afetivo, ou em qualquer outra coisa lá fora, estaremos continuamente sujeitos aos sentimentos de insegurança e frustração. Podemos sim, enquanto solteiros, verdadeiramente nos preparar para um novo relacionamento e curtir a vida social e relacionamentos mais superficiais, porém, isso só é possível quando é uma escolha verdadeira e sincera com nós mesmos, e não uma resposta às nossas carências e pressões externas, ou uma fuga de nossas questões mal resolvidas internamente.
Se soubermos reconhecer o que efetivamente se passa dentro de nós, saberemos curtir a nossa individualidade e estaremos felizes, independente do estado civil!
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Terapeuta Energética, faz atendimentos à distância pelo Personare. É a autora do livro Para que o Amor Aconteça, da Coleção Personare.
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