Use a raiva a seu favor
Há saídas melhores que se vingar ou negar esse sentimento
A raiva é um sentimento poderoso. Quem nunca se viu lembrando de um episódio chato que aconteceu há muito tempo e sentindo a mesma raiva da pessoa e/ou situação como se aquilo tivesse acontecido cinco minutos atrás? De fato, dentre todos os sentimentos, a raiva e sua derivação mais perigosa, o ódio, são os que mais grudam em nossa memória, tamanho o impacto que provocam em nossas emoções. Repare que muitas vezes parece mais fácil se lembrar de algo que nos irritou e chateou do que de algo positivo de nossa história.
De fato, a raiva parece estar ligada a um aspecto da mente humana similar ao fogo: que de uma faiscazinha pode se expandir rapidamente com um poder devastador enorme e incontrolável. Quando se vê, tudo já virou cinza e pelo caminho acabam sendo destruídos objetos que nada tinham a ver com o problema inicial.
Prós e contras
Apesar desse aspecto destrutivo, a raiva é também um importante combustível da ação, pois nos faz reagir, retirando-nos da inércia para a tomada necessária de uma posição diante dos fatos desagradáveis. O poder mobilizador da raiva na dose adequada favorece várias situações que envolvem embates, como o esporte, por exemplo, uma vez que ativa o espírito de luta que mora em cada um de nós.
O problema, em geral, é a “turminha” que frequentemente acompanha a raiva: ira, ódio, mágoa, ressentimento, inveja, vingança, amargura, estagnação, obstinação… O fato é que a raiva é uma energia que precisa ser direcionada para algum lugar, dentro ou fora, e se não for bem orientada pode machucar a todos. A vingança, que pode parecer uma reação natural à raiva, é um paliativo que apenas pode trazer momentaneamente a sensação de alívio e dever cumprido, mas que no fim das contas gera mais dor, pois amarra o vingador ao vingado em um ciclo eterno de raiva, culpa e punição. Sempre que possível, devemos escolher fugir desse mecanismo que nos aprisiona em uma roda interminável.
Direcionando a raiva
Se ficar, o bicho come, e se correr, o bicho pega… Como fazer, então? Em primeiro lugar, é importante saber que não se deve negar a raiva. Se algo de ruim ocorre com nome e endereço sabidos, não adianta simplesmente agir como bonzinho, dizendo que está tudo bem. A raiva, quando não manifesta, prejudica quem a sente. Ou seja, é preciso direcionar a raiva para o lugar correto. Isso não significa vingança e sim assertividade. Dizer e fazer o que deve ser dito e feito. Uma conversa esclarecedora mostrando os pontos em que se sentiu desrespeitado geralmente é útil. Além disso, outro recurso é o da reflexão sobre os aprendizados que aquele sentimento trouxe. Pergunte-se coisas como:
- De que modo você agiria no lugar da pessoa que lhe fez mal?
- Você já cometeu erros desse tipo antes?
- Acha que essa pessoa fez de caso pensado ou foi de maneira inconsciente?
- Você vê arrependimento na pessoa?
- O que a raiva lhe fez enxergar de novo?
- Quais ações você gostaria de tomar daqui para frente em sua vida?
A dica é usar a raiva a seu favor e seguir mais forte, sempre.
Clarissa De Franco é psicóloga, com Doutorado em Ciência das religiões e Pós-Doutorado em Estudos de Gênero. Atua com Direitos Humanos, Gênero e Religião, além de ser terapeuta, taróloga, astróloga e analista de sonhos.
Saiba mais sobre mim- Contato: clarissadefranco@hotmail.com