Você é convencido ou autoconfiante?
Reflita sobre como aceitar seus erros, sem deixar de acreditar em si
Quando você leu o título desse artigo e tentou responder a essa pergunta, provavelmente revisou mentalmente seu comportamento e sua maneira de se autoafirmar no dia a dia. A quais conclusões chegou? Essa atitude reflexiva já é um indício de que a prepotência (um nome sofisticado para o famoso convencido) não domina totalmente sua personalidade, mas isso também não garante que algumas vezes você não seja presa fácil desse sentimento. É importante saber que ser autoconfiante não é ter respostas prontas para tudo e todos, tampouco defender seu ponto de vista a ferro e fogo. Mas o que, então, significa autoconfiança?
É difícil termos a medida correta da linha tênue entre ser autoconfiante e convencido, principalmente na correria que é nosso cotidiano, na rapidez com que temos que dar respostas e reagir ao nosso ambiente de trabalho, faculdade, relacionamentos, etc.. No mundo atual sabemos que não são bem vistas as personalidades inseguras. Os nossos pares esperam de nós a postura autoconfiante: que possamos transmitir segurança e sensatez em nossas decisões, que nos expressemos com tranquilidade, que nos disponhamos a enfrentar desafios e que estejamos preparados para assumir nossas responsabilidades. Porém, algumas vezes, essa “pressão social” encontra pessoas despreparadas que acabam agindo na defensiva, com arrogância e agressividade para fazer prevalecer seus pontos de vista, pessoas que tampouco sabem lidar com críticas.
As pessoas prepotentes ou convencidas, como queiram chamar, acreditam que agindo dessa forma alcançarão suas metas e serão respeitadas pelos demais. Isso acontece porque muitos são educados para acreditar que o que os fará autoconfiantes será aquilo que conquistarem do lado de fora (dinheiro, admiradores ou até mesmo beleza), enquanto na verdade a autoconfiança é uma qualidade adquirida pela vitória sobre nossos obstáculos internos: medos, fraquezas ou complexos. Alguém que seja realmente autoconfiante aprendeu ao longo da vida que depender exclusivamente de coisas e pessoas para se sentir bem só leva à frustração e que a maior riqueza é a conquista de um verdadeiro “espaço de confiança interior” que não menospreze o ambiente exterior. Mas como conseguir chegar a esse estado mental?
Postura autoconfiante pode ser desenvolvida
Esse é um percurso que tem início na infância. Quando os pais dão liberdade para os filhos expressarem opiniões e desejos, sem serem superprotetores – deixando os seus filhos enfrentarem as consequências de seus próprios erros – estão na verdade estimulando que a criança desenvolva uma boa capacidade de tomar decisões e que confie em suas próprias avaliações, sabendo levantar-se de qualquer decepção em busca do sucesso.
Mas se você ainda não é pai ou mãe, ou se já não tem mais sete anos de idade, não precisa pensar que esse artigo não é feito pra você. A capacidade de desenvolver a autoconfiança não está perdida para sempre. Essa jornada continua na idade adulta e pode ser cultivada por qualquer um desde já, assumindo o direito a decidir sobre a própria vida, se dispondo a correr riscos e a corrigir as rotas equivocadas.
Sim, você está entendendo bem. É como um exercício constante de aprendizado: quanto mais vezes você enfrentar desafios e tomar decisões sobre a sua vida, com base em seus aprendizados, estando sempre aberto para cair, levantar e se aperfeiçoar, mais você se dará conta da sua alta capacidade e isso irá levá-lo ao sentimento de autoconfiança. É inevitável que algumas vezes diante de um obstáculo você se depare com aquela vontade de responder a tudo com prepotência, num ato de abuso de poder com os outros. Nessas horas, lembre-se que esse abuso de poder está sendo contra você mesmo, que a maior prejudicada será sua própria vida. Não devemos menosprezar as falhas que a vida e as pessoas nos apontam, pois são esses os melhores indicadores de que direção tomar. Quando a mente humana consegue estabelecer esse equilíbrio, estamos bem próximos de um estado de autoconfiança que contagiará a todos ao nosso redor.
Em resumo, devemos ter em conta que ser autoconfiante sem ser convencido é ter a segurança suficiente de se abrir para a crítica dos outros e revisar os seus erros e acertos pessoais, sem deixar de acreditar em seu potencial. Ter essa abertura não é o mesmo que deixar as derrotas, rejeições ou erros tirarem a nossa capacidade de enfrentar a vida, mas sim saber que por mais que estejamos sujeitos a toda sorte de conflitos, nossa capacidade para o êxito prevalece. Por fim, que estejamos dispostos a gostar de nós mesmos, a acreditar que somos capazes de realizar nossos sonhos e não desistir deles e que, sobretudo, somos tão competentes quanto os outros para aquilo que desejamos. Lembrem-se: não somos nem melhores e nem piores que ninguém, mas sim únicos e capazes.
Psicóloga, Psicoterapeuta Junguiana, Mestre e Doutora nas áreas de Ciências da Literatura e Estudos de Mulheres, Gênero e Cultura. Atuação clínica voltada aos desafios contemporâneos do feminino, por um olhar que busca, nas imagens e símbolos, autenticidade e criatividade. Fundadora do site Psique Criativa, que aborda temas como relacionamento, sexualidade, vocação, sonhos e autoconhecimento.
Saiba mais sobre mim- Contato: mariprotazio@gmail.com
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