Você se doa demais nos relacionamentos?
Equilibre suas atitudes para dar adeus às cobranças de afeto
Por Carolina Arêas
Há alguns meses recebi o e-mail de uma pessoa em tom (quase) de reclamação: nunca mais você deu notícias, sinto falta das suas mensagens. Parei para refletir sobre aquela cobrança que vinha justamente de quem faz tempo acostumou-se comigo tomando a iniciativa de sempre procurar – mas que diante da minha ausência ficou chateada.
De imediato, lembrei da frase (de autoria desconhecida) recebida de outra amiga (esta, sim, presença constante e amorosa em minha vida mesmo morando em país diferente do meu): “Estou exatamente onde deveria estar. Se você não consegue me achar é porque não está procurando no lugar certo ou não está procurando de fato. A vida é uma via de mão dupla”.
É no mínimo interessante perceber que algumas pessoas cobram de você o recebimento de afeto, mas são as primeiras a não se esforçarem para oferecer também. Querem sua atenção, seu carinho, mas não saem da zona de conforto para presentear você com um afago ou uma atenção.
Mantenha os laços de afeto em dia
“Por que você não me manda mais e-mails?”, pergunta a pessoa que nunca escreve para saber de você. “Sinto falta das suas ligações”, diz quem não se lembra de ligar para dar só um oi. “As pessoas estão cada vez mais fechadas”, reclama quem não percebe que vive dentro da própria casca só envolvida pela própria vida.
Falta de tempo é desculpa de quem não quer sair da zona de conforto. Num mundo em que a comunicação digital e o celular imperam é difícil não imaginar três minutos sobrando num dia de 24 horas para manter os laços de afeto sempre em dia.
Qualquer relação é uma via de mão dupla. Não cobre o que você mesmo não é capaz de oferecer. Como diria Gilberto Gil: “o amor é como a rosa no jardim, a gente cuida, a gente olha, a gente deixa o sol bater, pra crescer, pra crescer!”
Evite frustrações
Neste caso, então, a máxima “É dando que se recebe” faz sentido. No entanto, é importante a ressalva de que também é preciso entender o que cada pessoa pode lhe oferecer, sem criar falsas expectativas que podem gerar frustrações. Feito isto, sinta-se livre e sem culpas para manter perto de si as pessoas que realmente façam sentido em suas vida.
É claro que ninguém vai anotar “liguei três vezes, mandei sete mails, enviei um cartão de Natal, lembrei do aniversário” e cobrar uma atuação igual seja lá de quem for. Aquela pessoa bacana e que é importante na sua vida vive esquecendo de datas que são significativas pra você mas, por outro lado, também é um amigo amorosíssimo que vibra com suas conquistas, passa noites na sua cabeceira se você ficou doente ou aparece com seu chocolate favorito inesperadamente.
Uma relação em que um dá muito e o outro, pouco, só tem um resultado: desequilíbrio.
Uma relação em que um dá muito e o outro, pouco, só tem um resultado: desequilíbrio.
Mesmo que o primeiro seja um doador nato, vai chegar um momento em que ele também vai querer ser paparicado de alguma forma. O desequilíbrio surge quando o outro não lembra de nada para demonstrar o carinho que sente por você apesar de aceitar de bom grado todos as suas demonstrações de amizade ou amor.
É preciso respeitar o seu desejo de também querer ser amado ou ouvido ou ajudado ou acarinhado. A vida é uma linda e intensa jornada e as pessoas adequadas vão aparecer para celebrar esta caminhada com você, do que jeito em que todos possam estar felizes e satisfeitos.
Repense suas atitudes
Se em uma relação você estiver se sentindo esgotado ou cansado de tanto se doar, é hora de repensar se vale tanto esforço para mantê-la. Uma pessoa que realmente queira manter uma relação saudável, positiva, profunda e amorosa com você também terá vontade em demonstrar esta afeição.
Afinal, quem disse que você tem que estar sempre se doando até esvaziar e se sentir este vazio? Isto, na verdade, é um sinal de alerta, resultado de desprezar a si mesmo para estar sempre disponível pro outro. Você não está dando o melhor de si se eternamente está colocando as próprias necessidades de lado a fim de agradar alguém.
Você não está dando o melhor de si se eternamente está colocando as próprias necessidades de lado a fim de agradar alguém.
E uma excelente maneira de voltar a encontrar o ponto de equlíbrio é praticando o amor-próprio.
Quem convive comigo sabe que eu adoro mostrar meu carinho e sei facilmente fazer ele chegar onde quer que a pessoa esteja. Os recursos são tantos e tão deliciosos: telefonemas, cartões coloridos, presentinhos enviados de surpresa pelos correios, flores, livros ou chocolates comprados online, emails. Adoro e sinto enorme prazer em fazer isto.
Mas já faz tempo que percebi e assumi pra mim mesma que também adoro o caminho inverso: ser lembrada com carinho por alguém. Não numa troca feita através da mesma moeda mas com a intensidade com que se estabelece a mais perfeita relação: de coração pra coração.
E fecho com mais versos da mesma música do Gil:
A rosa do amor não vai despetalar, pra quem cuida bem da rosa, pra quem sabe cultivar.
Conheça o livro Para que o Amor Aconteça e entenda como determinadas atitudes influenciam sua vida amorosa.
Iniciou sua formação como terapeuta floral através do Healing Herbs, da Inglaterra, estudando as essências de Bach. Também trabalha com Reiki nível II e massoterapia ayurvédica, e é co-criadora do projeto "Word Rocks" e “Love it Forward List”.
Saiba mais sobre mim- Contato: carolinaareas@yahoo.com.br